Evolução histórica da inovação

Evolução histórica da inovação1Introdução

As perspectivas sobre inovação vêm sofrendo significativas mudanças ao longo da história. Figueiredo afirma que “a noção de inovação tem sofrido modificações que se alinham às alterações na natureza do conhecimento tecnológico e na maneiro como é gerado.”, o que interfere diretamente no modo como o processo inovativo é gerido pelas empresas.

Concordamos com visão do autor, que defende que a inovação consiste em um processo contínuo e não em simples episódios, envolvendo: i) a implementação de mudanças em produtos/serviços, processos, e sistemas organizacionais e gerenciais que são novos no contexto do local, e não necessariamente novos para o mercado; ii) o desenho e desenvolvimento de novos sistemas globais.

Ser ou não inovador: um falso dilema

O processo inovativo envolve “a resolução de problemas de diferentes tipos de atividades, bem como estoques de capacidade e processos de aprendizagem específicos às empresas”, sendo afetado “pela natureza do contexto institucional em que elas nascem e crescem”.

Partindo dessa premissa, que expande a abrangência do conceito de inovação, é aplicável a definição de inovação de G. Dosi: “Em um sentido essencial, inovação refere-se à busca, descoberta, experimentação, desenvolvimento, imitação e adoção de novos processos de produção e novas configurações organizacionais”. Assim, não caberia mais o dilema “ser ou não ser inovador”, mas em que grau ou estágio inovativo está minha empresa.

A prática de que colocar empresas inovadoras e um lado e não inovadoras de outro é ultrapassada e não condizente com a realidade decorrente do processo de transformação do conceito de inovação. Atualmente podemos falar em níveis de inovação, “como um contínuo de atividades com crescentes graus de dificuldade e sofisticação”.

A figura abaixo apresenta o espectro de atividades inovadoras, considerando a inovação como um processo:

e Lima Assessoria - Espectro de atividades inovadoras, considerando a inovação como um processo

e Lima Assessoria – Espectro de atividades inovadoras, considerando a inovação como um processo

 

Tipos e níveis de inovação

A existência de um amplo espectro de diferentes níveis de inovação, como já dissemos, reflete e considera mais adequadamente a realidade do processo inovativo e a natureza tecnológica das empresas.

Como falamos aqui (https://www.linkedin.com/feed/update/urn:li:share:7201688390277185536/?actorCompanyId=83020046), nem sempre a inovação deriva de modernos centros de P&D, com seus laboratórios equipados com as últimas tecnologias de pesquisa e os melhores pesquisadores.

A tabela¹ a seguir apresenta os diferentes tipos e níveis de inovação, o que permite verificar que uma empresa pode, ao realizar uma pequena alteração em seus produtos ou processos, estar inovação de modo incremental. Permite também concluir que uma mesma empresa pode estar realizando projetos que resultarão em inovações de diferentes níveis e tipos.

 

Tipos/Níveis de InovaçãoDefinições
Inovações radicaisEstabelece um conceito novo para o mercado mundial, em que novos componentes e elementos são combinados de uma forma diferente formando uma arquitetura nova, geralmente a partir de P&D. Essas inovações tendem a criar mercados e indústrias totalmente novos.
Inovações de rupturaGera-se um produto, processo, serviço novo para o mundo geralmente a partir do redesenho de inovações existentes. Com isso, tende a abrir novos segmentos de mercado e popularizar ou democratizar inovações antes de difícil acesso à grande população. Algumas inovações do tipo ‘frugal’ ou ‘de custo’ podem ser consideradas de ruptura, como o NanoCar.
Inovações arquiteturaisCompreendem as alterações nas relações entre os elementos da tecnologia, sejam produtos ou sistemas, em que os componentes essenciais sejam modificados. Por exemplo: a transformação de um ventilador de teto em ventilador de pé.
Inovações modularesEnvolvem alterações em componentes específicos de produtos, processos de produção ou processos organizacionais ou serviços, sem alterar o desenho completo nem mesmo a relação entre os componentes existentes. Por exemplo: a troca de uma porta em um computador que antes recebia um disquete 3 1/4 para uma porta para receber uma USB.
Inovações incrementais avançadasIntroduzem novos produtos, processos e/ou sistemas de equipamentos com grau de novidade para o mercado local, sem alterar as relações entre os elementos da tecnologia.
Inovações incrementais intermediáriasCorrespondem a pequenas melhorias nos componentes e elementos individuais da tecnologia existente, mas as relações entre os componentes permanecem inalteradas. Trata-se de novidade para a empresa.
Inovações incrementais básicasPequenas alterações em processos de produção, produtos e/ou equipamentos com base em imitação ou cópia de tecnologias existentes. Trata-se de novidade para a empresa.

Conclusão

A evolução do conceito de inovação mostra que, de um evento isolado, ela passou a ser vista como um processo contínuo, abrangendo desde melhorias incrementais até transformações radicais. Figueiredo destaca em sua obra que todas as empresas participam desse processo em algum nível, desafiando a antiga distinção entre empresas inovadoras e não inovadoras.

Reconhecer os diferentes níveis e tipos de inovação permite uma visão mais realista da capacidade inovativa das empresas. Mudanças menores, como inovações arquiteturais, modulares e incrementais, ocorrem em contextos locais e são essenciais para o avanço tecnológico e organizacional.

1 FIGUEIREDO, Paulo N. Gestão da inovação: conceitos, métricas e experiências de empresas no Brasil. GEN, LTC, 2009.

Continuaremos a tratar desse tema, dando exemplos de tipos e níveis de inovação em nosso próximo artigo. Para isso, siga-nos no LinkedIn.


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Edwin Lima é consultor em Recursos para Inovação (Incentivos Fiscais, Captação de Recursos e Gestão da Inovação) e atua há mais de 10 anos assessorando empresas a melhorarem seus resultados através de recursos para inovação, contemplando as áreas de incentivos fiscais para P&D (Lei do Bem, Tecnoparque Curitiba entre outros);captação de recursos para projetos (FINEP, BNDES, FAPESP entre outros) e implementação de sistema de gestão da inovação (ISO 56002).

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